segunda-feira, 24 de maio de 2010

Unfaithful Capítulo 5

Capítulo 5 – Atrevimento

Mesmo em uma diferença numérica colossal, Blaze, Koji e o valente líder da tribo, Matsuru, atacaram os Hoanes sem temor. Koji atravessava suas espadas nos corpos de diversos demônios, enquanto Blaze atirava em pontos certeiros dos inimigos, causando suas quedas imediatas. Matsuru, por sua vez, socorria alguns guerreiros ainda vivos golpeando os Hoanes que os atacavam. Razen saiu da cabana empunhando o bastão, mas largou-o ao ver que o trio estava conseguindo acabar com todos os inimigos sem grande dificuldade. Aproximando-se de um guerreiro ferido na barriga, ele puxou de um bolso da calça um pedaço de pano branco e enrolou no corpo do guerreiro, cuidadosamente. Blaze, que estava próximo atirando em um Hoane enfurecido que insistia em lutar mesmo após várias balas terem perfurado o seu corpo, disse:

-É bom vê-lo vivo Razen.

O companheiro ergueu a cabeça para observar Blaze, e respondeu:

-Digo o mesmo. Mas não estamos tendo sucesso com essa missão... Muitas pessoas estão morrendo!

-Eu estou fazendo o possível... Esses desgraçados não morrem! – Exclamou Blaze, batendo com o cabo do Rifle na cabeça do Hoane que continuava vivo.

Alguns poucos demônios estavam vivos agora. Eles começaram a recuar até a saída norte da vila, enquanto Razen e Matsuru tentavam manter o maior número de guerreiros vivos. Koji e Blaze deram alguns passos em direção aos Hoanes vivos, porém pararam ao se depararem com um ser um pouco mais alto e notável que os demônios, que entrava na vila naquele exato momento, triunfante. A criatura deu três passos, tomando a frente dos demônios ainda vivos, e encarou friamente o território. Matsuru ergueu a cabeça e, vendo a criatura, inquietou-se e gaguejou:

-E-ele... Está a-aqui..

Tinha aproximadamente 2m de altura, ombros e pernas largos. Um rosto aparentemente humanóide, com dois olhos acinzentados, boca meio torta e as mesmas fendas comuns nos Hoanes no lugar de um nariz. Suas vestes lembravam as de um general imponente, um longo manto vermelho com um cachecol azul sobreposto, além de sandálias douradas que destacavam os grandes pés da criatura. Mantendo os braços apoiados nas costas e dando um suspiro debochante, o líder dos Hoanes iniciou uma fala:

-Ora, ora. Então o velho rabugento decidiu chamar reforços para tentar impedir a sua morte... – A criatura olhou fixamente para Blaze, em seguida para Koji, e continuou – Se eu fosse levar em consideração apenas a aparência, diria que esses dois são apenas frangos que estou prestes a devorar, porém... – O hoane deu mais um passo, ficando agora a apenas alguns metros de distância de Blaze e Koji, e observou seus soldados demônios mortos espalhados pela vila – Causaram uma grande perca de servos em minha tropa. São dignos do meu respeito. Mas agora a brincadeira acabou.

Blaze interrompeu o demônio, dizendo:

-Você é o tal Nobushi? Eu achava que você fosse apenas um humano normal com vontades demoníacas, mas agora percebi que você é tão feio quanto os seus servos. Provavelmente deve ter a mesma capacidade incansável deles.

O hoane abriu um sorriso satisfatório, e respondeu:

-Sim... Eu sou Nobushi. Existem métodos e rituais capazes de transformar um humano comum em um verdadeiro monstro... E eu fui agraciado com a realização do melhor ritual. Hoje eu sou o líder dos incansáveis... Sou ainda mais resistente do que eles, e muito mais poderoso.

Blaze interrompeu novamente:

-Bem legal o seu papinho de rei dos reis, mas eu não estou nem um pouco afim de ouvi-lo. Tente aproveitar seus últimos minutos de vida de uma forma mais produtiva, “grandão”.

-Vou aproveitar esses minutos então para agraciá-los com um presente... Eu vim até aqui apenas para entregá-lo. – Outro hoane entrou na vila, carregando nas mãos uma cabeça decepada, e entregou para Nobushi, que a estendeu no alto para que todos os moradores da vila pudessem ver. A cabeça era de um senhor idoso, com marcas por todo o rosto de cortes e chicotadas. – Reconhecem isso? – Perguntou Nobushi, gargalhando.

-Oh meu Deus... – Matsuru sibilou lentamente. Seus olhos encheram de lágrimas, e a expressão esperançosa das pessoas vivas na vila transformou-se em uma mórbida atmosfera de desilusão e desespero.

-Acabou... – Disse uma mulher próxima à Razen, ajoelhando-se mergulhando em lágrimas. – Não existem mais motivos pra tentarmos vencer. Nosso salvador está morto...

Nobushi, com um sorriso satisfatório estampado no rosto, observou cada pessoa presente no local.

-Podem ficar com a cabeça... Ela não me será útil em nada. – Afirmou Nobushi, prazerosamente jogando a cabeça de Gyakou perto dos pés de Matsuru, que observou o rosto marcado e sofrido do xamã.

Razen não sabia que atitude tomar. As pessoas ao seu redor demonstravam já não ter a mínima vontade de viver, e a missão que já parecia difícil quando dada por Vayne, mostrou-se muito mais complexa e complicada. Não estavam conseguindo cumpri-la de acordo com o desejado pelo cliente, e aquele ambiente totalmente desfavorável à vila de Matsuru tornava a presença do trio de caçadores um peso extra. Koji, de cabeça baixa, apenas aguardava um sinal para enfrentar os Hoanes ainda vivos e tentar diminuir a dor dos ali presentes.

Mas quem tomou uma atitude foi Blaze.

-Agora que... Você mostrou publicamente que Gyakou está morto, não existem mais motivos que nos impeçam de acabar com o seu reinado e dos seus comandados resistentes. - Salientou Blaze, empunhando suas shotguns apontadas na cabeça de Nobushi, que continuava sorrindo despreocupado.

-Era o que eu esperava. – Disse Koji, tomando posição de ataque com as espadas gêmeas devidamente posicionadas.

Havia apenas cinco hoanes vivos. Os cinco estavam ao redor de Nobushi, que cruzou os braços esperando a atitude de Blaze e Koji.

-Tenho a sua permissão, Matsuru? – Perguntou Blaze, firmemente.

-Com certeza.

-Obrigado. – Blaze atirou nos cinco servos de Nobushi, que se espalharam e avançaram contra o caçador. Koji cravou as espadas gêmeas em um Hoane armado com um sabre. Outro hoane desarmado tentou atacar as pessoas da vila, que estavam ajoelhadas sem movimento, mas foi impedido por Razen, que bateu no demônio diversas vezes com o bastão.

-Larga de ser covarde! – Vociferou Razen, acertando um chute na barriga do Hoane, que com o impacto caiu em cima de alguns barris de água perto de uma das cabanas. Os outros três Hoanes atacaram Blaze, que disparou diversas vezes, derrubando um por um. Por fim, o caçador voltou sua atenção para Nobushi, que continuava parado apenas assistindo, e provocou:

-Sua cambada não serve nem de aquecimento. Será mesmo que você é tão perigoso?

-Venha aqui conferir.

Blaze avançou contra Nobushi, atirando diversas vezes. O lorde dos Hoanes estendeu o braço e fez um movimento no ar. As balas de Blaze, que avançavam contra o demônio, ricochetearam contra o caçador, que, perplexo, não conseguiu se mover. Koji tomou a sua frente e despedaçou as quatro balas com suas espadas gêmeas.

-Esse não é um adversário pra você, Blaze. – Sussurrou Koji, antes de avançar contra Nobushi. O demônio finalmente pareceu interessado em um confronto, estendendo seus braços e mostrando suas afiadas garras.

-Vou cravá-las em você, samurai.

Koji desferiu diversos golpes com as duas espadas, usando toda a sua habilidade e maestria para tentar acertar Nobushi, que defendia com as garras, desviando o percurso das espadas. Em um golpe horizontal, tentando atingir as espadas nas laterais do demônio, Koji foi pego de surpresa. Nobushi defendeu o golpe usando seus dois braços como escudo. As lâminas cravaram em seus braços, ficando presas. Uma espécie de sangue roxo começou a escorrer do ferimento. Nobushi, sorrindo mais uma vez, agarrou os braços de Koji, que segurava as espadas desacreditando no que via, e cabeceou o samurai no rosto, que caiu ferido. O demônio em seguida retirou lentamente as espadas gêmeas cravadas em seu braço, apreciando a dor e sangramento causados.

-Creio que... Vou ter que ensiná-los a se comportarem adequadamente perante um Lorde Demônio...

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