segunda-feira, 24 de maio de 2010

Unfaithful Capítulo 9

Capítulo 9 – Orgulho

Durante a semana seguinte, Clay e Razen dedicaram suas tardes em treinos básicos – e posteriormente complexos – com armas e estudos sobre vampiros. Em poucos dias, o menino ruivo já estava familiarizado com as armas, tendo reflexos e pontaria praticamente impecáveis. Tudo graças, segundo a suposição do tutor, ao seu extremo empenho e determinação. Tomar conhecimento da existência de seres tão sombrios, que acabaram com a sua família, tornou o jovem Razen uma pessoa um pouco mais fria e menos sonhadora. Seu único objetivo para o momento era acabar com Nibelung.

Ao acordar na manhã do oitavo dia no país vizinho, Clay decidiu preparar um café caprichado para seu afilhado. Saiu às ruas para comprar pães e doces, e retornou ao hotel meia hora depois. Razen estava acordando nesse momento, incomodado por insistentes pernilongos que rondavam o seu beliche. Saudado com um animado “bom dia” pelo tutor, o ruivo respondeu:

- Bom dia! Estou animado... Hoje é o meu aniversário! – Levantou-se e foi até o banheiro escovar os dentes.

Enquanto arrumava a mesa, e recheava pães com geléia, Clay dizia:

- Sim, sim... Uma data muito importante! A partir de hoje, você é um rapaz de dezesseis anos! Uma bela idade, por sinal. Eu comprei algumas coisinhas enquanto você dormia... Creio que teremos um café da manhã bem agradável.

- E hoje iremos finalmente atrás do vampiro. – Razen saiu do cômodo limpando o rosto com uma toalha azul – Não é?

Clay separou quatro pães na mesa, guardou outros dois em um saco plástico e voltou sua atenção para o menino:

- Pensei que quisesse aproveitar o seu aniversário sem correr qualquer risco.

- O melhor presente de aniversário que eu posso receber é a certeza de finalmente acabar com isso. Eu quero muito poder encarar o inimigo.

Clay hesitou por um instante. Achou melhor não contrariar:

- Entendo. Se for o seu desejo, eu vou ajudar a satisfazer. Meus parabéns pelo seu aniversário, filho. – O tutor abraçou carinhosamente o menino, que retribuiu agradecido.

Após o reforçado – e saboroso – café da manhã, onde degustaram, além dos pães com geléia; um delicioso bolo de frutas, mel e ameixas, a dupla pagou a estadia no hotel e saiu em direção ao taxi. Apesar de estar relativamente cedo – aproximadamente nove horas -, a rua já estava bastante movimentada. Diversas pessoas circulavam, juntamente de alguns ciclistas próximos à calçada, e alguns carros na larga rua. Ao entrar no carro, a conversa recomeçou.

- Como sabe onde o vampiro se esconde? – Perguntou Razen, acomodando-se no banco e colocando o cinto.

- Larks contou onde era certa vez. Eu espero que Nibelung ainda viva por lá. Apesar de que só poderemos vê-lo, e enfrentá-lo, durante a noite.

- Como dito nos livros... – Complementou o menino, esticando a cabeça para fora do carro quando Clay deu a partida. Razen adorava observar o jeito das pessoas nas ruas enquanto o carro circulava. Estando em um país vizinho, onde as roupas e os lugares eram diferentes, esse hobby se tornou ainda mais agradável de praticar. – O que faremos até o anoitecer?

Clay acelerou o veículo, e olhou rapidamente para o afilhado, esboçando um sorriso:

- Vamos aproveitar o seu aniversário!

E assim o fizeram. Durante a tarde inteira passearam pelos mais diversos locais, como o cinema mais próximo; o parque de diversões – onde aproveitaram o tiro ao alvo para testar a pontaria aprimorada -; uma praça extremamente agradável, cheia de flores cheirosas que atraíram o olfato da dupla durante um bom tempo; e uma pista para bicicletas, onde Clay alugou duas das mais baratas para brincar com Razen. Aquele dia parecia interminável, como se a noite perigosa não devesse acontecer. Mas, mesmo diante do melhor aniversário de sua vida, o menino ruivo não desistiu de seu objetivo. E quando o sol se pôs, dando início ao escurecer, ele tratou de cobrar o combinado:

- Está na hora de começarmos a busca, Clay. – Estavam dentro do taxi, descansando após as horas de diversão – Acabar com Nibelung.

Clay, ofegante, devido à sua idade já avançada para tanto exercício em uma bicicleta, concordou:

- Sim, como prometido, vamos atrás dele agora. Por sorte não estamos muito longe do lugar indicado por Larks. Ele havia me dito que é uma casa abandonada, onde vive o vampiro, sozinho.

Diferentemente da agradável tarde, onde a dupla sorria e brincava alegremente, tinham agora nos rostos um semblante sério e frio. Estavam cientes de que poderiam até mesmo morrer enfrentando a criatura, porém, era um risco a se correr. Quando o taxi recomeçou a percorrer as ruas desertas – já que o país vizinho era conhecido pelo perigo de suas ruas durante a noite -, um vento gélido contribuiu para amargar o silêncio dentro do veículo, onde Clay e Razen permaneceram absortos em seus próprios pensamentos. Pouco tempo depois, o carro atravessou um pequeno túnel que ligava dois bairros, e atingiu uma série de estreitas ruas que se ligavam em um emaranhado sem fim. Em uma dessas ruas – tão estreita que permitia a passagem de apenas um carro por vez -, Clay deu o sinal para Razen:

- Estamos chegando. Lembro-me bem, Larks disse que após o emaranhado de ruas estreitas, ele atingiria uma grande avenida, que daria acesso a outra rua menor, onde se localizaria a casa abandonada.

E o carro percorreu o trecho descrito pelo tutor. Quando atingiram a rua menor, Clay diminuiu a velocidade do veículo para analisar casa por casa, até encontrar a tal abandonada. A rua era extensa, causando certo trabalho para identificar o lugar certo. Em frente de uma casa aparentemente antiga, com paredes desgastadas e algumas rachaduras expostas, estava parada uma mulher, que para a dupla no carro era desconhecida. A mulher era a esposa de Seimic, e vice-comandante da Lirium Corporation. Balançando levemente seu vestido azul estampado em diversas flores lilás, ela desviou o olhar do casarão para observar o táxi por um instante. Seus lábios, cobertos por uma fina camada de um batom azulado, se contraíram ao perceber a presença de Razen. Clay estacionou o carro ao lado dela, e, ao abrir a porta do veículo, foi recebido com duras palavras:

- Que péssima surpresa. O filho renegado, e o velho fracassado que encontrou no menino um motivo para viver. Formam uma dupla digna de pena. - A mulher, apesar de sua beleza angelical, mostrou seu caráter repugnante.

Razen abriu a porta nesse instante, e saiu do carro com certa violência, batendo-a com força. O som da porta ecoou por toda a rua, deserta nesse momento. As luzes das luminárias espalhadas pelas laterais da rua começaram a acender se tornando os únicos pontos claros, após Clay apagar os faróis do carro. Razen não estava nada contente após ouvir o comentário da mulher. Toda a magia e alegria do aniversário, o olhar feliz e satisfeito do rapaz, modificou-se em um olhar capaz de fazer os mais fracos de espírito perecer. O menino ruivo encarou a mulher com total desprezo e repugna, e juntou forças para perguntar, secamente:

- Quem é você?

Deslizando os dedos delicadamente pela própria bochecha, a mulher respondeu:

- Lady Margot Raziv, esposa do vice-presidente da Lirium Corporation, por sinal, a empresa dos seus pais – A mulher sorriu, e disse pausadamente -, cujo líder é Loren Jacobs.

Razen perdeu o controle, e avançou contra a mulher. Clay contornou o carro e tentou segurar o menino, mas não precisou fazer nada. Margot estendeu seu braço – envolto por diversos braceletes e colares – e tocou a testa do jovem ruivo. O menino acalmou-se no mesmo momento. Sentiu-se leve, sem forças, hipnotizado. Não conseguiu sequer se mexer.

- Cuidado, rapazinho. Eu não sou seu irmão, e não vou deixar você encostar suas mãos sujas em mim. – Vociferou Margot, visivelmente irritada com o súbito ataque.

- O que você faz em frente à casa de um vampiro? – Perguntou Clay, afastando Razen da mulher.

- Estou apenas acompanhando o meu marido. Ele está lá dentro, com lorde Loren. Vocês vieram matar Nibelung? – Margot riu debochadamente – Uma abominável coincidência. Apesar de todos sabermos quem tem mais chance de cumprir esse objetivo.

Clay decidiu ignorar a presença incômoda da mulher. Preocupava-se agora com o que acabara de ouvir. Loren estava na casa abandonada, e um encontro entre os irmãos não seria exatamente um bom plano para esse dia. Porém, Razen, que também ouvira o que Margot dissera, prontificou-se em dizer:

- Meu irmão está aqui... Ótimo. Vou matar um vampiro na sua frente, e mostrar que não sou um renegado, como fui denominado hoje. Se Loren foi escolhido para se tornar o presidente – O menino sentiu um aperto no peito -, algo ele fez para merecer.

- Vamos entrar de uma vez. – Concluiu Clay, retirando as armas do taxi e abrindo lentamente a pesada porta de madeira da casa. O clarão das luminárias na rua espalhou-se pelo pequeno corredor que separava a porta do restante da casa.

Com um longo suspiro, Clay foi o primeiro a entrar no corredor, seguido por Razen. Decidiram não fechar a porta, para que a luz das luminárias esclarecesse ao menos uma parte do caminho. O corredor era pequeno, passível a uma pessoa por vez, e não continha nada em suas paredes sujas. A dupla atravessou o corredor lentamente, tomando o cuidado de não fazer muito barulho, sendo o maior dos ruídos apenas a respiração inquieta de ambos. Ao fim do corredor encontraram uma sala pequena – e uma porta fechada na outra extremidade do cômodo - com uma janela tampada por madeiras e pregos, sem qualquer tipo de iluminação para a sala, dois quadros bizarros com alguns animais mortos na lateral esquerda, e uma pequena mesa de vidro ao centro, sem qualquer objeto – exceto um pequeno vaso esverdeado – sob sua superfície. Clay checou o ambiente com dificuldade, pois a luz das luminárias lá fora já não era tão intensa nesse ponto. Razen tentou analisar os quadros, mas não conseguiu encontrar coerência alguma neles.

Subitamente, gritos pavorosos atraíram a atenção dos dois, vindos detrás da porta. O silêncio fora quebrado por uma sucessão de barulhos estrondosos. Clay abriu a porta rapidamente, e sentiu seu coração acelerar. Estavam agora em um salão um pouco maior, iluminado por diversas janelas nas laterais, onde a lua brilhante impunha sua presença. Os gritos vieram de diversos vampiros caídos ao chão, ensangüentados e derrotados. Loren estava próximo do centro da sala, de braços cruzados, confiante e destemido. Ao seu lado estava Seimic, portando mais um de seus luxuosos ternos. Suas luvas brancas, manchadas por muito sangue, eram a única imperfeição em seu traje. Clay e Razen estavam boquiabertos e confusos. Pretendiam enfrentar um vampiro lendário, e testemunhavam agora a derrota de VÁRIOS deles.

O fundo do salão, envolto por uma escuridão total, dava a sensação de que o pior ainda estava por vir. Loren ainda não havia percebido a presença do irmão, e disse em voz alta:

- Isso é o melhor que os seus lacaios podem fazer? Não serviram nem mesmo de aquecimento para o meu servo! E eu não precisei nem mesmo me mexer para ajudá-lo!

Razen aproximou-se lentamente, e sibilou:

- Loren...

O ruivo mais velho virou-se rapidamente para observar seu irmão.

- O que você faz aqui? Veio apreciar o meu poder? – Perguntou Loren, erguendo os braços como um imperador.

- Do que você está falando? – Retrucou Razen.

- O motivo pelo o qual eu sou o filho querido do papai, e não você. O motivo pelo o qual as empresas são MINHAS e não SUAS.

- QUE MOTIVO É ESSE? – Perguntou o ruivo mais novo, ensandecido.

- EU – Loren gritou no mesmo tom que o irmão – SOU AQUELE COM O PODER DE MATAR VAMPIROS! – Diminuiu a voz para as frases seguintes – Eu tenho a capacidade total para vencer um vampiro, sem precisar de qualquer arma ou proteção. Reza a lenda, meu querido irmão, que o primogênito da quarta geração entre os Jacobs seria o dono dessa habilidade. E eu a sinto correndo dentro de mim – O ruivo estendeu seus braços e observou-os com clara satisfação.

- Então... – Razen baixou a cabeça, extremamente confuso e desnorteado – Tudo não passou de interesse. Papai sabia da sua capacidade e deixou tudo pra você, como se eu não existisse ou não merecesse por nascer depois...

Movimentos na escuridão atrapalharam a conturbada conversa. Um ruído estridente atingiu os ouvidos dos quatro no salão, e atordoou-os por um instante. Quando o ruído cessou, o chão tremeu por um instante, desequilibrando Razen, que caiu de joelhos, e Clay, que se apoiou na parede. Uma horda de morcegos, de todos os tamanhos, surgiu da escuridão ao fundo e espalhou-se pelo salão, fazendo investidas contra Seimic e Loren, que se abaixaram para não serem atingidos pela fúria das criaturas. Os morcegos rodopiaram pelo teto do salão durante um tempo, descendo em alta velocidade algumas vezes e chocando-se contra os corpos dos ruivos. Uma sombra na escuridão foi tomando forma e força, criando uma estrutura humanóide. A sombra se transformou em um vampiro, muito mais aterrorizante ou temível do que os outros mortos ao chão. Clay, Razen, Seimic e Loren levantaram-se para observar a criatura, enquanto os morcegos continuavam seus rodopios no teto. O vampiro tinha olhos amarelos, muito densos e frios. Estes olhos analisaram todo o salão rapidamente, verificando o estado dos lacaios e dos intrusos. Os caninos da criatura eram maiores do que os dos outros, e se estendiam até alguns centímetros abaixo do queixo. A pele amarelada do vampiro contribuiu para que a escuridão do fundo do salão cessasse. Abrindo a boca lentamente – e exalando um odor horrível – o vampiro, com uma voz fria e arrastada, ordenou:

- Venham, minhas pequenas crias das sombras! Voltem ao seu corpo de origem, pois ele agora necessita muito da sua energia. – O vampiro abriu a boca um pouco mais, com um tamanho suficiente para engolir uma cabeça humana. Os morcegos que rodopiavam pelo salão mergulharam dentro da garganta do vampiro mestre. Razen olhou para Clay, assustado, e o mesmo retribuiu um olhar amedrontado. Quando todos os morcegos haviam sido engolidos, o vampiro diminuiu a abertura de sua boca, e dirigiu-se para Loren:

- Então... Tens a capacidade de matar vampiros. Deveras interessante, a meu ver. O que achas então de acabar com a existência do grandioso Nibelung Mortuary? Tens essa oportunidade, já que estou aqui esperando o teu milagre.

Seimic encarou a criatura friamente. Dos quatro, era o com menos temor. Aproximou-se de Loren, que estava perplexo com a aparição majestosa de Nibelung, e disse baixinho:

- Acabe com isso. Você só precisa de um braço para acabar com ele.

Loren tomou a frente, e ficou a poucos metros de distância do vampiro. Ergueu seu braço direito e disse:

- Este é o seu fim, vampiro maldito. Lembra-se de Larks e Belle Jacobs? Você os matou, e eles eram os MEUS pais! – Avançou contra a criatura, com o braço erguido, pretendendo atingi-lo com um soco. Razen queria gritar para impedir o seu irmão, mas parecia não ter voz. Não conseguiu gritar ou se mexer para ajudá-lo, e, parado ali, teve a pior visão em sua vida.

Quando o braço de Loren aproximou-se da boca de Nibelung, o vampiro abocanhou-o sem relutação. Mordeu com vontade e fúria, cravando seus caninos com tanta intensidade que quase arrancou o membro fora. Seimic avançou contra o vampiro, que largou o braço do ruivo para agarrar o novo atacante pelo pescoço, e jogá-lo contra a parede. Razen agora conseguiu gritar, desesperado, enquanto Nibelung voltou a atacar Loren, mordendo seu braço direito até arrancá-lo do corpo. O ruivo mais velho entrara agora em desespero, chorando, gritando e debatendo-se pedindo ajuda. Razen, furioso e igualmente desesperado, atacou o vampiro, empurrando-o contra a escuridão. Nibelung estava se divertindo, vendo Loren naquela situação, e o irmão valente tentando protegê-lo.

- Tens também a tal capacidade de matar vampiros, pequenino? – Perguntou ao irmão mais novo, gargalhando.

Clay empunhou um de seus fuzis e deu dois tiros contra a escuridão, onde o vampiro se camuflara. Nibelung reapareceu segundos depois, no teto, com a boca arreganhada para abocanhar o corpo inteiro de Razen em uma só mordida. Em um vôo rasante, mostrando agora suas esplendorosas asas negras o vampiro atacou. O ruivo pulou contra o chão e escapou do ataque. O vampiro sofreu uma queda violetan contra o solo, porém, não pareceu sentir o impacto, levantando-se em seguida, já preparado para atacar novamente. Clay atirou novamente com seu fuzil, e acabou atraindo a atenção do vampiro, que ultrapassou o corpo dos vampiros caídos no chão para golpear o velho. Razen surgiu por trás e agarrou o vampiro pelo pescoço, que tentou se desvencilhar chacoalhando o corpo violentamente. Razen tentou sufocar a criatura, embora soubesse que esse tipo de coisa não adiantaria. Clay tentou atirar, mas não conseguia devido aos movimentos do vampiro, que acabou por apertar com força os braços do menino ruivo, até ele soltar o seu pescoço. Nibelung virou-se para morder Razen, segurando os seus braços e mantendo-o preso. Clay tentou ajudar, mas era tarde demais. Loren, no chão, gritou como seu irmão gritara anteriormente quando o vampiro arrancara seu braço. Nibelung alargou a boca e mordeu o pescoço de Razen, que não demonstrou reação alguma. Um súbito silêncio se instalou no salão. Nibelung desgrudou o pescoço de sua boca, sem entender. Seus caninos tão resistentes e afiados estavam totalmente tortos, e o pescoço do menino, intacto. O vampiro não conseguira morder o rapaz.

Seimic observou a cena com os olhos arregalados, e sibilou:

- Aquele com o poder de matar um vampiro não precisa de armas ou proteções, por que o seu próprio corpo é um escudo.

Loren não queria acreditar:

- Não pode ser... NÃO! EU sou o filho primogênito... Como pode ele ter esse poder?

Razen sentiu sua autoconfiança e forças voltarem. Sentiu uma alegria interna imensa, e uma sensação de vitória. Olhou para o vampiro, que agora já não parecia tão amedrontador.

Nibelung largou o ruivo, e passou os finos dedos pelos caninos.

- Então o poder era real. É o fim do meu legado. – O vampiro curvou-se para o menino, e ajoelhou-se, esperando a sua sentença. Razen olhou para seu irmão, que o encarava com ódio e inveja agora. Não conseguia nutrir o mesmo sentimento, vendo que Loren acabara de perder o próprio braço, cego em sua certeza de ser dono de um poder tão grande. Clay caminhou até o vampiro e o afilhado, e entregou nas mãos do menino ruivo o seu fuzil.

- Feliz aniversário, filho. – Entoou, antes de sair pela porta que entraram anteriormente, e ouvir, segundos depois, um último disparo no salão, que deu fim à conturbada noite.

Minutos depois Razen saiu pela pesada porta de madeira na entrada da casa, e lançou um último olhar à Margot, que aguardava sorridente por Seimic e Loren.

Clay achou melhor não esperar a saída dos outros dois, e após a entrada do afilhado no táxi, deu a partida e iniciou o percurso de volta. Loren deixou a casa alguns segundos depois, continuando a chorar, com a mão esquerda procurando algo do lado direito do corpo para segurar. Margot, surpresa com a destruição do braço de seu lorde, acolheu-o e procurou confortá-lo com um abraço.

No carro, Clay e Razen mantiveram o silêncio durante um bom tempo – e já viajavam de volta para o país de origem, até que o menino decidiu falar:

- Estou curioso para ver a reação do Blaze. Caso ele não insista em vingar o vampiro, como eu fiz com meus pais, poderemos ser companheiros de trabalho.

- E seria muito interessante se você criasse uma amizade com ele. Parece ser um rapaz leal, apesar de aparentemente sofrido.

Razen decidiu fazer uma última pergunta, antes de mergulhar em suas lembranças da fatídica noite:

- Será que papai está orgulhoso de mim?

Clay não ousou responder.

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